21 de maio de 2014

QUEM NUNCA?

Imagem meramente Ilustrativa

Quem nunca pensou em voltar no tempo e mudar as coisas, em fazer diferente, acertar no ponto onde crê que errou e pôs tudo a perder.


Quem nunca deixou o momento passar e se calou e por isso perdeu uma chance, ou a chance da sua vida? Um amigo? Um emprego? O amor?

Quem nunca engoliu a seco palavras para não ferir ou para não se sentir por baixo?

Quem nunca teve medo de errar e por esse mesmo medo nada fez e tempos depois; viu que foi aí mesmo onde errou?

Quem nunca?

Quem nunca teve um dos pés atrás por segurança e mesmo assim foi se deixando envolver e quando viu já estava atolado e acreditando na felicidade vendida de maneira ilusória?

Percebo que por medo deixamos de viver, pois o medo nos paralisa.

E percebo também que quem tem a coragem de viver se dá mal porque em algum ponto o outro para de acreditar e dá meia volta e você fica lá sem respostas.

Temos medo de nos expor e parecer frágeis ou ridículos.

Temos medo da exposição por conta da nossa frágil condição humana, nossa tola vaidade inútil que não nos leva a lugar algum.

Temos medo e ele não nos motiva, não nos impulsiona, nem tão pouco estanca nossas feridas. Essas feridas de coisas mal resolvidas, elas sangram diante do novo feito releitura.

Algo comparativo como uma segunda pele, mas onde se pode ver nitidamente uma cicatriz de passado ali ainda presente.

Deixamos nossos medos esconder do outro o que pensamos e deixamos de dizer o que sentimos.

Vamos vivendo, vamos empurrando situações, engolindo dúvidas, criando distâncias e o medo de repetir um erro nos faz cair em outros.

Porque talvez o medo nos queira pra ele e não nos queira dividir com o que há de melhor.

O medo precisa de que o outro diga primeiro, que o outro assuma o risco e não eu; para só então depois que o outro estiver totalmente entregue eu possa respirar e seguir sem culpa.

Sabemos quem somos e alguns de nós diz que está sendo exatamente quem é, mas desconfio que não, porque se fosse mesmo verdade não haveria tanto desencontro, tanta briga; tantas desilusões e crimes passionais.

Quando uma pessoa não sabe o que quer para si, não deveria querer aquilo que pode por a perder por não saber o que fazer.

“O custo de vender ilusões é a solidão do que foi verdadeiro pela companhia do que é verdadeiramente falso.”

Outono de 2014

15/05/2014 - E.S