27 de setembro de 2014

Uma ou duas coisas sobre o amor

Foto Meramente Ilustrativa



Aí você torce o nariz e me pergunta: Mas de novo esse tal de amor?

Sim, falarei dele e o propagarei incansáveis e incontáveis vezes.

O dia em que eu cansar de falar sobre ele, meus olhos também terão se cansado da luz da vida.

A questão hoje é simples; o eu te amo propriamente dito. Você já declarou hoje seu amor por alguém? Vale pai, mãe, filho, amigo e claro aquela pessoa especial em sua vida.

Parece simples dizer, mas acredite não é.

Para algumas pessoas perdeu o sentido porque algumas falam demais a ponto de cair em descrédito.

Não é sentimento demais e sim torrar a paciência do outro que ao invés de te abraçar ou beijar, diz o clássico: ahãm, ta bom.

Nem tanto ao céu nem tanto a terra gente, parcimônia sempre. Apenas não passem a vida gritando ao vento, muito menos amando sem dizer; no primeiro caso por que cansa; já no segundo por que ninguém adivinha seus sentimentos.

Muitos de nós passamos a vida toda ao lado das pessoas que amamos e só damos valor quando perdemos. E aí é tarde, pois não há mais como beijar, abraçar, ou tempo para dizer: eu te amo.

Como uma frase tão pequena pode fazer algumas pessoas engasgar e até se omitir e se arrepender depois?

Quantos pais, filhos, amigos, pessoas especiais viveram e morreram sem ouvir: eu te amo!?

Pessoas que nos amaram assim de graça e nós recusamos seus sentimentos acreditando que lá na frente teria algo melhor, alguém perfeito que coubesse em nossos sonhos, ou que simplesmente daria tempo de dizer, mas a vida prega peças.

Muitas vezes estamos tão cegos que não vemos a realidade debaixo de nossos narizes, depois reclamamos da sorte. Deveríamos ser os primeiros a compreender que chutamos nossa própria sorte, acreditando ser uma pedra em nosso caminho rumo a uma felicidade inventada.

A natureza humana é mesmo contraditória, a maioria de nós busca o amor e quando se depara com ele, realmente não sabe o que fazer. Nem com o que sentimos, menos ainda com o que sentem por nós.

Amor, esse sentimento maluco que nos enlouquece de tempos em tempos, sim periodicamente e não me venha com histórias de que só se ama uma única vez que eu sou capaz de rir e lamentar por sua inocência.

O sentimento mais mandraque que já existiu é capaz de morrer e renascer incontáveis vezes.

Só não morra você de braços cruzados e com ele entalado na garganta e afogado nos olhos. Certas coisas; não tem volta, ame.

 

Elaine Spani

(26/09/2014)

29 de agosto de 2014

CELULAR


                                                Foto Meramente Ilustrativa


Pessoas tocam mais nas telas do celular do que se abraçam.

Usam mais fone de ouvido, do que ousam ouvir a voz do outro.

Olham mais em sua tela fria, do que nos olhos uns dos outros.

Existe uma estranha excitação com os barulhos que indicam que chegou uma sms, ou quando somos chamados no wats... o barulho nos excita, mas frente ao outro hesitamos.

O celular tem mais nossa atenção, do damos atenção física às pessoas.

Viciamos nele. Ficamos ali conectados nas redes sociais e cada dia menos fazemos visitas.

Temos um importante meio de comunicação e nos isolamos do mundo real para a distância segura do toque dos dedos.

Postamos fotos de tudo, as redes demonstram alegrias e passeios, mas poucos conhecem nossos problemas, vêem nossa alma.

Quando o celular não funciona, quando a internet não funciona; o ritmo quebra...

Viciamos... Somos crianças sem nossa chupeta recarregável que carregamos para nos manter calmos e conectados.

Assim vivemos nesse ambiente que pensamos controlar enquanto ele nos controla diariamente.

 

SP 28AGO2014.

A Autora – Elaine Spani


11 de julho de 2014

AMARELINHA

Imagem Meramente Ilustrativa


Amarelinha

Menina...menino

Olhos tão tímidos

Conguinhas vermelhas

Cabelo “Joãozinho”.

 

Mãe Sempre-Viva

Pai trabalhando

Ela comigo

Ele chegando.

 

Chão cheirando a cera

Que não era de abelha

Brilhava feito espelho

Que se cobria no temporal.

 

Caçar caramujos

Com lanternas e sal

Cantar hinos na escola

Ir à missa dominical.

 

Roupa lavada

Comida fresquinha

Laranjada! Cheiro de chuva

Espalhando terra no ar.

 

Domingos em Guarulhos

Nona crocheteira

Nono pescador

Negros, brancos; amor.

 

A fresta no chão da sala

O dominó de lambreta

Bolinhos de chuva

Açucarando a mesa.

 

Respeitar os mais velhos

Pedir a benção

Arder em febre

Chorar pesadelos.

 

Crescer brincando

Sangrar sem volta

De menina à mulher

Um atravessar de portas.

 

Elaine Spani

(10/07/2014)

21 de maio de 2014

QUEM NUNCA?

Imagem meramente Ilustrativa

Quem nunca pensou em voltar no tempo e mudar as coisas, em fazer diferente, acertar no ponto onde crê que errou e pôs tudo a perder.


Quem nunca deixou o momento passar e se calou e por isso perdeu uma chance, ou a chance da sua vida? Um amigo? Um emprego? O amor?

Quem nunca engoliu a seco palavras para não ferir ou para não se sentir por baixo?

Quem nunca teve medo de errar e por esse mesmo medo nada fez e tempos depois; viu que foi aí mesmo onde errou?

Quem nunca?

Quem nunca teve um dos pés atrás por segurança e mesmo assim foi se deixando envolver e quando viu já estava atolado e acreditando na felicidade vendida de maneira ilusória?

Percebo que por medo deixamos de viver, pois o medo nos paralisa.

E percebo também que quem tem a coragem de viver se dá mal porque em algum ponto o outro para de acreditar e dá meia volta e você fica lá sem respostas.

Temos medo de nos expor e parecer frágeis ou ridículos.

Temos medo da exposição por conta da nossa frágil condição humana, nossa tola vaidade inútil que não nos leva a lugar algum.

Temos medo e ele não nos motiva, não nos impulsiona, nem tão pouco estanca nossas feridas. Essas feridas de coisas mal resolvidas, elas sangram diante do novo feito releitura.

Algo comparativo como uma segunda pele, mas onde se pode ver nitidamente uma cicatriz de passado ali ainda presente.

Deixamos nossos medos esconder do outro o que pensamos e deixamos de dizer o que sentimos.

Vamos vivendo, vamos empurrando situações, engolindo dúvidas, criando distâncias e o medo de repetir um erro nos faz cair em outros.

Porque talvez o medo nos queira pra ele e não nos queira dividir com o que há de melhor.

O medo precisa de que o outro diga primeiro, que o outro assuma o risco e não eu; para só então depois que o outro estiver totalmente entregue eu possa respirar e seguir sem culpa.

Sabemos quem somos e alguns de nós diz que está sendo exatamente quem é, mas desconfio que não, porque se fosse mesmo verdade não haveria tanto desencontro, tanta briga; tantas desilusões e crimes passionais.

Quando uma pessoa não sabe o que quer para si, não deveria querer aquilo que pode por a perder por não saber o que fazer.

“O custo de vender ilusões é a solidão do que foi verdadeiro pela companhia do que é verdadeiramente falso.”

Outono de 2014

15/05/2014 - E.S

23 de abril de 2014

A Lição do Tempo


A Lição do Tempo




A lição do tempo rouba da gente a fé, a paciência, até mesmo o bom humor. Somos impacientes por natureza, temos um tempo feito de urgências que não convencem quem está no leme.

Batemos de frente alegando isso ou aquilo e o tempo não se dobra, nos cansa e finalmente nos dobramos a ele.

Alguns dizem algo que eu sinto: “Não é no nosso tempo e sim no tempo de Deus”. Eu creio nisso.

Nada é antes da hora, nem depois. Nós é que não conseguimos aceitar de primeira o tempo de tudo porque a demora não nos consola; mina; escraviza... maltrata.

Ah, mas quando aprendemos a entrar na sintonia dos ponteiros, quando percebemos que tudo está certo, não somos vencidos e sim nos tornamos vencedores; está é a lição do tempo: aprender a fluir sem resistência, seguindo o fluxo da vida.

Assim mesmo com todas as pedras do caminho saímos ilesos, inclusive aprendendo que na vida nada adianta se você atrasa.



Elaine Spani

Outono de 2014