4 de novembro de 2013

ANTES ERA ASSIM

Acho curioso quando alguém diz: “antigamente”, ou “no meu tempo”.


Esse antigamente na maioria das vezes remete há alguns anos apenas, a não muito tempo atrás, e esse no meu tempo é inexplicável, já que se a pessoa ainda está viva, o tempo dela é aquele no qual ela está. rs

Vamos aos fatos; sinto saudade de quando o tempo era marcado por coisas típicas da época. Agora tudo está confuso e sem propósito, não tem mais aquele charme da espera.

Lembro da minha infância, o Natal era em dezembro, ok continua sendo, mas já reparou que de uns anos pra cá já no final de setembro encontramos Panetone nos mercados da vida?

Vá até uma dessas ruas de comércio concentrado e veja o que eu digo, não há mais coisas da época, até as frutas podemos comer fora da estação.

Voltando a minha infância, tinha roupa de casa e roupa de sair. Presente só no aniversário ou no Natal e como era bom tudo isto, dava um colorido especial.

Tudo era mais importante, nada era comum. A expectativa nos dava a chance de entender o valor das coisas; as datas especiais, o dar e receber, o cuidar até a magia voltar a acontecer. Não, não era triste, ou pobre, era simplesmente a beleza da espera pela hora certa.

O Natal cheirava à Panetone, à Rabanada, à Pernil assando no forno de casa. Tinha gosto de Manjar com Calda de Ameixas, tinha o som de papel de presente rasgando e de sorriso rasgado.

A gente se vestia mais bonito, ficávamos ainda mais cheirosos, as cores do Natal pareciam invadir nossas almas e fazer brilhar nossos olhos. Aquilo era lindo!

Saudades de esperar e esperávamos tanto e tudo: a roupa nova, a montagem da Árvore de Natal com todos aqueles enfeites, a ceia, a Missa do Galo, o Papai Noel, os Presentes... E no dia seguinte estávamos ainda com aquela cara de festa planejando o ano vindouro...

O mais louco é ver que agora tudo perdeu o sentido o 13º Salário chega antes, acaba antes... Uma loucura!

O coelhinho da Páscoa também está meio confuso, o bicho chega sambando, colado com o carnaval.

Sei lá hoje é tudo tão comercial que não tem mais a ansiedade, o desejo, a expectativa nem o devido valor. Basta olhar para as crianças e ver que eles têm tanto e tão fácil para compensar as ausências dos pais que os pequenos ganham tudo e não se apegam por nada. Logo a roupa está perdida sem uso e os brinquedos largados pelos cantos.

Sim, eu sinto saudade da espera, esperei o 1º beijo, a 1ª vez, o 1º salário, o 1º amor... A beleza do ato de esperar nos faz dar valor a tudo que conquistamos. Ensine aqueles que você ama como é gostoso o tempo certo de tudo e assim poderão saborear melhor o gosto da conquista que marcará em suas lembranças um dia, uma situação, uma época.





Elaine Spani

(13/10/2013)

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