“- Nunca desista dos seus sonhos”, disse ela em tão tenra idade.
Como ser contrária àquela boa intenção quando eu mesma disse aquilo a ela em outra situação?
Como explicar que o tempo para os sonhos tem prazo de validade?
E que quando se é adulto, os sonhos mesmo possíveis nem sempre se tornam realidade.
Estaria eu; destruindo sementes de esperança, as mesmas que cultivei durante anos e anos a fio desde quando eu era apenas uma criança.
Ninguém tem o direito de fazer do outro um espelho, muito menos se for para refletir nossas frustrações e medos.
Nunca desista dos seus sonhos, eu disse a não muito tempo, mas ela guardou fosse regra e para regra não tem argumento.
E agora que me devolve o mesmo incentivo, quem sou eu para dizer o contrário, se fui eu quem começou tudo isso?
Quando olha em meus olhos com tom incisivo diante da mesma verdade faz parecer não haver empecilhos.
Penso que seria bom que o tempo pudesse voltar e que meu único sonho eu pudesse enfim tornar real, mas a vida é para frente e o futuro tão, tão distante; agora sorri como um filho.
O futuro é o tão sonhado fruto do hoje. Um filho recém parido.
E mesmo que ainda creia em realizar meu sonho perdido, sei que não depende apenas de mim, se fosse assim...; esse discurso não existiria e meu final seria feliz.
Agradeço por sua amizade e por todos aqueles que me dão conforto, no fim das contas de tudo que dói, mesmo que a vida sole; os amigos são o recheio do bolo.
Elaine Spani